São Paulo: múltiplos olhares: regionalidade, identidade e cultura

Neste blog estamos dispondo narrativas visuais, textos e fotografias como parte de uma reflexão sobre a regionalidade, identidade e cultura identificadas como uma crônica do cotidiano regional que abrangerá as cidades de São Paulo, Sâo Bernardo do Campo e Santo André na região do grande ABC.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


Vila São Pedro
       Vila São Pedro( região do Montanhão)   mostra o  crescimento desordenado da cidade de São Bernardo do Campo
As fotos  a seguir foram retiradas em outubro de 2010 

Arquivo pessoal Miralva Campos

Arquivo pessoal Miralva Campos
foto (acima) da rua Tertuliano Júnior na Vila São Pedro (ainda sem asfalto)










Arquivo pessoal Miralva Campos

           
Arquivo pessoal Miralva Campos









           " Eu era pequeno, mas eu ainda me lembro, a vila não era deste tamanho que é hoje. O que bem tinha aqui era mato. Voltavámos do E.E. Nail colhendo morangos silvestre para fazer gelinho, tinha vários pés  no finalzinho da Rua Dos Pássaros, onde tinha também uma nascente, mas  hoje é   só um córrego sujo e fedorento`` Luiz César Campos, morador da Vila São Pedro.                                      
            A Vila São Pedro tem aproximadamente vinte e dois anos, está localizada na cidade  São Bernardo do Campo, em uma aréa de Manancial. Foi fundada por um  pequeno  grupo de pessoas que foram desmatando, abrindo ruas e construindo barracos. Esse grupo foi aumentando, pois começaram a chegar parentes e conhecidos, vindos principalmente do Nordeste. Em pouco tempo as primeiras casas de alvenaria apareceram. Na maioria das vezes eram construções  irregulares e  sem acabamento, depois  vieram  a ligação de rede de água, esgoto e  a rede de   energia elétrica que antes era clandestina. Porém  esse serviço era apenas na Avenida principal e em uma ou outra rua, mesmo porque a cada dia a Vila crescia mais. Então quem não tinha água encanada em casa, descia o morro para pegar lá em baixo na Avenida.
            Inicialmente com 2000 pessoas, segundo o IBGE a Vila tem hoje aproximadamente 50000 pessoas. Foram construídas três  escolas, um Pronto Socorro, uma UBS e um parque que está localizado em um pedaço  do terreno do antigo clube  da Wolks. A avenida principal tem todo tipo de comércio como: bares, salões de cabeleireiro, vários mercados, restaurantes, padarias, loja de roupas, de móveis, materiais de construção e locadoras de vídeo.   
            No entanto, apesar da construção das escolas, UBS, a urbanização e a oferta de comércio, a comunidade enfrenta vários problemas. Em época de chuva ocorrem vários alagamentos nas ruas que ficam na parte baixa da vila. Há também as  áreas de risco, pois há vários barracos nas encostas dos morros, e já aconteceram acidentes com vítimas fatais na comunidade. Hoje  ainda existem  ruas sem asfalto e  iluminação. A avenida principal está cheia de buracos e  faltam  também áreas de lazer  como: praças, campos de futebol etc.
            As vagas das escolas nem sempre contemplam à todos,  é feita uma  seleção verificando a renda das famílias (creches), ou então, as crianças do ensino fundamental são encaminhadas para as escolas em bairros próximos.
            Vivemos em uma sociedade onde não é garantido o direito de cidadão á todas as pessoas igualmente, alguns tem esse  direito plenamente contemplado, outros um pouco menos, enquanto outros não tem seus  direitos garantidos, ou seja, não são  reconhecidos como cidadãos de direito.
            Segundo Santos a econômia capitalista distribuem as pessoas desigualmente nos espaços, ou seja, conforme o lugar que mora o indivíduo terá definido sua classe social e seu poder aquisitivo. As pessoas são vistas apenas como consumidores, que precisam comprar, compar para que cada vez mais  a econômia cresça e aumente o capital dos grandes empresários. Eles são os donos do poder e  as ações são feitas para satisfazê-los (2000 p.25). Acões que possibilitem a melhoria da educação, saúde, lazer, não é visto com as mesma importância.
            Verifica-se uma situação desumana, onde as pessoas são consideradas pelo que têm e não pelo que são. Segundo Santos, esta é uma sociedade  marcada por modelo onde parte-se da econômia para para o cidadão, enquanto na democracia verdadeira é o modelo econômico que deve  subordinar ao  cidadão.(2000 p.5).  
 
Agora é o momento não podemos mais esperar,
Exijo mudanças,
As desigualdades não podem continuar,

É hora de acordar,
Gritar, exigir, revolucionar,
Todos precisam nos enxergar,
Somos sujeitos,
Usuário, consumidor, nem pensar!

Esta mensagem vou repassar,
Pois para transformação acontecer,
Todos têm que se empenhar,

E amanhã uma nova sociedade,
Onde todos  tenham os mesmos direitos,
Iremos compartilhar.


Autora: Miralva Campos de Oliveira
Local: Vila São Pedro - São Bernardo do Campo/SP


Arquivo pessoal Miralva Campos


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