São Paulo: múltiplos olhares: regionalidade, identidade e cultura

Neste blog estamos dispondo narrativas visuais, textos e fotografias como parte de uma reflexão sobre a regionalidade, identidade e cultura identificadas como uma crônica do cotidiano regional que abrangerá as cidades de São Paulo, Sâo Bernardo do Campo e Santo André na região do grande ABC.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

CADA PESSOA TEM SUA HISTÓRIA


Patativa do Assaré

                             Fonte: http://www.liberdadededigital.com.br/



Quem já ouviu falar num passarinho chamado Patativa? È um passarinho cinzento que tem um canto suave, encantador.
Pois bem, na cidade de Assaré, no Ceará, um homem chamado Antônio Gonçalves da Silva, tornou-se Patativa do Assaré, porque seu canto era tão belo como do pássaro.
Patativa do Assaré foi um poeta maravilhoso e muito importante para a história da literatura e da cultura popular do Brasil. Morreu recentemente, no dia 08 de julho de 2002, aos 93 anos. Viveu bastante e intensamente. Boa parte de sua vida foi dedicada a fazer poesia. Aos 16 anos, começou a tocar viola e fazer versos para alegrar os amigos.
Trabalhou muito no campo, cultivando o pequeno pedaço de terra que herdou de seu pai. Fugia da roça para fazer seus versos e escrevia a noite a luz das lamparinas. Viveu de maneira simples, amava o povo brasileiro e principalmente o nordestino. Famoso e reconhecido pelo seu belo trabalho, nunca abandou o sertão, sua amada serra de Santana. Sua poesia era social, romântica, cidadã, falava de todos os temas: reforma agrária, televisão, meninos de rua, temas do nordeste e, claro, amor. Foi um homem generoso e querido que construiu uma obra de grande beleza apesar de ser cego e semi analfabeto.
Guardava centenas de poemas na memória e podia recitá-los a qualquer momento.
Poeta popular, cantador, repentista, passarinho... Certamente está fazendo poesia lá no céu.

SOU UM POETA DO MATO
VIVO AFASTADO DOS MEIOS
MINHA RUDE LIRA CANTA
CASOS BONITOS E FEIOS
EU CANTO OS MEUS SENTIMENTOS
E OS SENTIMENTOS ALHEIOS
SOU CABOCLO NORDESTINO
TENHO MÃO CALOSA E GROSSA
MINHA VIDA TEM SIDO
DA CHOUPANA PARA ROÇA
SOU AMIGO DA FAMÍLIA
DA MAIS HUMILDE PALHOÇA
CANTO DA MATA FRONDOSA
A SUA IMENSA BELEZA
ONDE VEMOS OS SINAIS
DO PINCEL DA NATUREZA
E QUANDO É PRECISO EU CANTO
A MÁGOA, A DOR E A TRISTEZA.

FONTE DO TEXTO: Almanaque Popular de Sabedoria
                                                      Número 3
                                    VEREDA – Centro de Estudos em Educação
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