Arquivo pessoal, Edleide Moura (eu) |
Arquivo pessoal Edleide Moura na foto estão, minha tia Vilma, eu e meus irmãos |
Eu tive uma infância incrível, com muita liberdade brincava nos oitões e na calçada da minha casa simples. Acordava com o canto dos pássaros e seguia o dia subindo em árvores. Meus irmãos e eu tínhamos que inventar os brinquedos era pura diversão onde: o sabugo de milho virava boneca, a meia virava bola, lata de óleo virava lindos carros e, caquinhos de pratos utilizados para fazer à amarelinha desenhada no chão ou na calçada. E assim tinha que usar a criatividade o tempo todo, não tínhamos brinquedo de fábrica, embora, nunca deixamos de brincar por causa deles.
Naquele tempo na vila Jatiúca no sertão de Pernambuco tomava banho no riacho e na cachoeira do sítio. Hoje já não existem mais, devido ao crescimento da população daquele vilarejo os esgotos tomaram de conta e tudo isso ficou na memória.
No meu tempo de criança, aproveitava as noites de lua cheia para brincar nos terreiros de pular corda, de roda, de esconde-esconde, isso era apenas algumas entre tantas outras maravilhas que ocorreu na nossa pequena vila de terra vermelha e ventos fortes. Na casa de meu avô tudo eu admirava, a preguiçosa disputada do vovô, os mingaus da vovó, o bolo de fubá, as pamonhas gostosas, a canjica cheirosa, a tapioca quente e até daquelas histórias do fim do mundo contadas pela vovó o meu maior medo de infância.
O meu coração batia forte toda vez que ouvia uma história contada pelos adultos, principalmente da velha cachimbeira, uma velha bruxa e malvada. Diziam que ela vivia dando voltas na casa de farinha. Portanto bem perto à minha casa de infância. Quantas noites fiquei toda enrolada dos pés a cabeça de tanto medo da velha. Olhava as montanhas escuras da calçada durante as noites de céu estrelado e corria para ficar junto do meu papai e da minha mamãe que continuavam com aquelas histórias assombrosas. Hoje me sinto envergonhada da medrosa criança que fui.
Desde então, perdi o medo do escuro e das histórias contadas, que pena isso aconteceu! Ficou a saudade da época mais ilustre que resultou memórias inesquecíveis.
Autora: Edleide Moura Leite Ferreira.