São Paulo: múltiplos olhares: regionalidade, identidade e cultura

Neste blog estamos dispondo narrativas visuais, textos e fotografias como parte de uma reflexão sobre a regionalidade, identidade e cultura identificadas como uma crônica do cotidiano regional que abrangerá as cidades de São Paulo, Sâo Bernardo do Campo e Santo André na região do grande ABC.

domingo, 24 de outubro de 2010

Memórias de infância

Arquivo pessoal, Edleide Moura (eu)
Arquivo pessoal Edleide Moura
na foto estão, minha tia Vilma, eu e meus irmãos
                                       
                                 
            Eu tive uma infância incrível, com muita liberdade brincava nos oitões e na calçada da minha casa simples. Acordava com o canto dos pássaros e seguia o dia subindo em árvores. Meus irmãos e eu tínhamos que inventar os brinquedos era pura diversão onde: o sabugo de milho virava boneca, a meia virava bola, lata de óleo virava lindos carros e, caquinhos de pratos utilizados para fazer à amarelinha desenhada no chão ou na calçada. E assim tinha que usar a criatividade o tempo todo, não tínhamos brinquedo de fábrica, embora, nunca deixamos de brincar por causa deles.
          Naquele tempo na vila Jatiúca no sertão de Pernambuco tomava banho no riacho e na cachoeira do sítio. Hoje já não existem mais, devido ao crescimento da população daquele vilarejo os esgotos tomaram de conta e tudo isso ficou na memória.
          No meu tempo de criança, aproveitava as noites de lua cheia para brincar nos terreiros de pular corda, de roda, de esconde-esconde, isso era apenas algumas entre tantas outras maravilhas que ocorreu na nossa pequena vila de terra vermelha e ventos fortes. Na casa de meu avô tudo eu admirava, a preguiçosa disputada do vovô, os mingaus da vovó, o bolo de fubá, as pamonhas gostosas, a canjica cheirosa, a tapioca quente e até daquelas histórias do fim do mundo contadas pela vovó o meu maior medo de infância.
          O meu coração batia forte toda vez que ouvia uma história contada pelos adultos, principalmente da velha cachimbeira, uma velha bruxa e malvada. Diziam que ela vivia dando voltas na casa de farinha. Portanto bem perto à minha casa de infância. Quantas noites fiquei toda enrolada dos pés a cabeça de tanto medo da velha. Olhava as montanhas escuras da calçada durante as noites de céu estrelado e corria para ficar junto do meu papai e da minha mamãe que continuavam com aquelas histórias assombrosas. Hoje me sinto envergonhada da medrosa criança que fui.
           Desde então, perdi o medo do escuro e das histórias contadas, que pena isso aconteceu! Ficou a saudade da época mais ilustre que resultou memórias inesquecíveis.

Autora: Edleide Moura Leite Ferreira.