São Paulo: múltiplos olhares: regionalidade, identidade e cultura

Neste blog estamos dispondo narrativas visuais, textos e fotografias como parte de uma reflexão sobre a regionalidade, identidade e cultura identificadas como uma crônica do cotidiano regional que abrangerá as cidades de São Paulo, Sâo Bernardo do Campo e Santo André na região do grande ABC.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Crescimento desordenado



             A instalação de grandes indústrias em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, atraiu migrantes de diversas partes do país, que vinham a procura de emprego e em busca de melhores condições de vida. Isso favoreceu o crescimento desordenado das grandes cidades e surgimento de comunidades, onde as pessoas não têm os serviços básicos como: rede de esgoto e água encanada.
            Grande exemplo é a comunidade Paraisópolis, (foto ao lado) que teve um grande crescimento nas décadas de 60 e 70, pois as pessoas eram atraídas pelo crescimento urbano da cidade de São Paulo e era grande a oferta de trabalho na área da construção civil. Localizada no meio do Bairro Morumbi, Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo.
            Ao analisar a foto acima vemos os extremos de riqueza e pobreza, onde o crescimento e maior circulação de capital não favoreceu a todos igualmente. Pois, no capitalismo, para que poucas pessoas tenham, é preciso que grande massa de trabalhadores não tenha, separando a população entre explorados e exploradores.
            Modelador do espaço geográfico, o capitalismo constrói e destrói orientado pela lógica de acúmulo de riquezas. E as ações políticas são feitas para favorecer os grandes capitalistas, como criação de estradas para escoamento da produção. Assim políticas públicas de saúde, educação e moradia ficam esquecidas, contribuindo para o surgimento de comunidades como a de Paraisópolis, que hoje se encontra urbanizada, porém longe das condições do prédio ao lado. São duas realidades que encontram-se separadas por  um muro.
            Pode-se constatar que grande (ou boa) parte dos prestadores de serviço na vizinha Morumbi, como as empregadas domésticas, os jardineiros, os porteiros são encontrados do outro lado do muro, mais que isso, trabalham por salários mínimos, que mal dá para suprir suas necessidades básicas como a alimentação, por exemplo.
            Termino aceitando o comentário de Milton Santos (2007) quando fala da cidadania:
A cidadania, sem dúvida, se aprende. É assim que ela se torna um estado de espírito, enraizado da cultura. É, talvez, nesse sentido que se costuma dizer que a liberdade não é uma dádiva, mas uma conquista, uma conquista a manter. Ameaçada por um cotidiano implacável, não basta à cidadania ser um estado de espírito ou uma declaração de intenções. Ela tem o seu corpo e os seus limites como uma situação social, jurídica e política.
            Então, o cidadão deve se manter atento a seus direitos, dizer não à alienação, não colaborar com a degradação da sociedade para não se tornar um não-cidadão do futuro.

Autora: Miralva de Campos Oliveira
Referência Bibliográfica:
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 4ª Ed.São Paulo: Nobel, 1998.